segunda-feira, 26 de agosto de 2013

PIGEAD: MATERIAL DIDÁTICO- ESTUDO DE CASOS

Orientações preliminares:
Os casos podem ser reais ou fictícios. Os reais exigem muito cuidado na atribuição de declarações, que devem ser devidamente documentadas. Casos fictícios dão mais liberdade ao autor, mas isso não significa que possam abordar situações irreais. Ao contrário, o caso posto como fictício deve, de fato, expressar situações já vividas por servidores públicos no desempenho de suas funções.

Durante a escolha do tema, deve ser bem delineado o problema, os atores envolvidos e onde se passa. Esse é o eixo inicial para a construção da narrativa.
O caso é essencialmente um instrumento pedagógico que deve servir para o aprendizado de como agir em situações reais e de quais podem ser as consequências das ações.
Um caso não é um documento histórico nem um texto puramente descritivo. Ele deve ser capaz de suscitar questões para debate e ter elementos que permitam tomada de posição e definição de cursos de ação.
Desenvolvimento
Uma vez definidos o tema e o foco para o caso, que deve estar colado ao objetivo de aprendizagem do curso em que será utilizado, deve-se partir para o trabalho bibliográfico e para a realização de entrevistas, quando necessárias. A pesquisa bibliográfica auxilia a entender melhor o tema a ser tratado e as abordagens teóricas sobre ele, inclusive na definição de atores relevantes para a fase de entrevistas. Estas servem para elucidar diferentes pontos de vista sobre o caso, reflexões e detalhes da história do caso, bem como garantir a veracidade e a fidedignidade das informações.
A escolha do entrevistado deve levar em consideração o tipo de informação que se deseja obter. Muitas vezes, dirigentes sabem muito menos do dia a dia das equipes do que um técnico mais envolvido no processo.
Possíveis perguntas para as entrevistas
 
•Perguntas de caráter descritivo, do tipo “o que”, “quem”, “como” e “onde”. Principalmente o como será o foco das entrevistas, que fornecerão informações para o relato e para o alinhamento entre questões teóricas e o caso em questão. ◦Que contratempos surgiram/podem surgir?
Quais são as áreas envolvidas?
 
Quem são as pessoas envolvidas?
◦Há conflitos?
Como acontece/aconteceu o desenrolar do processo?
◦Quais são/foram os pontos críticos?
Quais as facilidades?
◦Quais as dificuldades?
Exemplo:
•Perguntas de caráter explicativo, do tipo “por quê”,  fornecerão subsídios para os objetivos da aprendizagem. ◦Por que a ação foi iniciada?
Por que foi escolhido esse desenho? Nessa parte, a elaboração de perguntas depende de conhecimento prévio da situação em questão e de dúvidas e informações que não tenham sido esclarecidas por meio da descrição.
•Encerre indagando sobre quais outras pessoas poderiam ser consultadas e se há algum material/documento que possa ser acessado.
OBS.: Essa é uma orientação geral sobre a organização de perguntas a serem feitas durante as entrevistas. O tipo de pergunta dependerá do tema abordado e do conhecimento prévio de informações.
Escrevendo o caso

A redação do caso deve ser elaborada de forma bastante neutra, apresentando fatos e circunstâncias envolvidas. O caso é muito mais um relato contextualizado, pois toda a análise deverá ser realizada pelos alunos. Abaixo uma estrutura possível a ser seguida ao elaborar a narrativa principal do caso:
QUE ESTRUTURA UM CASO PODE SEGUIR?
1.Introdução 
Define o problema a ser examinado e explica os parâmetros ou as limitações da situação; deve despertar interesse e curiosidade.
2.Visão Geral/Análise Onde/quando/por quê; fornece detalhes sobre atores envolvidos e organizações; identifica questões profissionais, técnicas ou teóricas etc.; o caso deve ser rico em nuances contextuais: cenários, personalidades, culturas, urgência das questões etc.
3.Relato da Situação
Descreve as ações, pode incluir declarações dos atores e suas relações; deve deixar claro o período temporal ou a cronologia do caso; é importante saber onde os eventos importantes ocorrem, com a identificação clara de locais e das instituições.
4.Problemas do caso
Geralmente um ou dois problemas que requerem análise para resolver uma questão específica; devem ser apresentados de forma clara; podem assumir três formas: a) apresentam uma situação e perguntam aos alunos o que fariam a seguir; b) definem uma tarefa, como, por exemplo, pedir aos alunos para elaborar relatório recomendando uma ação; c) ilustram um cenário e pedem aos alunos que analisem as falhas e recomendem como a situação deveria ser abordada.
*Estrutura válida tanto para casos longos como para casos curtos, guardadas as proporções e a complexidade de cada possibilidade
Análise qualitativa de casos – Checklist
Quando escrevemos um estudo de caso, nos deparamos com algumas dúvidas sobre a qualidade do trabalho. Será que conseguimos alcançar o nosso objetivo? Será que o leitor/aluno se envolverá com a narrativa? Para ajudar nessa análise, desenvolvemos um checklist que pode auxiliar nessa construção. Não se trata de um rol exaustivo de aspectos que precisam ser observados, nem se quer aqui dizer que, para que um caso seja bom, ele tenha que responder de forma favorável todos os pontos. São apenas dicas para se chegar a um caso mais bem escrito e adequado para aplicação em sala de aula.
1.Há um desafio colocado? Os problemas e dilemas da situação foram contextualizados? Um bom caso deve desafiar os alunos a criar uma solução com uma ou mais decisões tomadas; os problemas não devem ter resposta certa ou óbvia. Um bom caso deve provocar os alunos a pensar sob várias perspectivas.
2.Que teorias ou conceitos pretendem ser ensinados por meio do caso?
3.Os elementos políticos que influenciaram na situação foram explicitados?
4.O caso se prestaria a uma abordagem de ensino e aprendizagem interessante (ex.: encenações, simulações)? Quais?
5.Para quais cursos ou outras abordagens o caso poderia ser utilizado?
6.O caso deve ser tão breve quanto possível. Um bom caso deve fornecer informações suficientes para que os alunos possam analisar, de maneira eficaz e eficiente, os fatos relevantes. O caso tem informações suficientes para uma boa análise?
7.O caso não deve produzir qualquer diagnóstico ou prognóstico. Não há resposta certa, solução única.
8.Um bom caso deve promover habilidades tanto de análise como de síntese. O caso deve ser orientado para decisões e movido para a ação. Os alunos são motivados quando têm que converter análise em ação.
9.Quais foram as fontes utilizadas? Elas foram múltiplas? Houve entrevistas? Informantes-chave?
10.O caso identifica o ator ou atores que influenciaram nas ações, devem resolver o problema e/ou devem tomar as decisões? O leitor poderá se ver no papel do tomador de decisões ou em outros papéis?
11.Existe tensão dinâmica suficiente no caso para produzir pontos de vista controversos e competitivos?
12.O caso é atraente (contém um insight surpreendente; prazos fatais, conflitos, oportunidades e ameaças atraem o leitor rapidamente para o caso)?
13.Um caso, especialmente aquele documente situações reais, não deve ser visto simplesmente como autopromoção da parte do autor ou da organização patrocinadora.
14.O caso possui uma nota pedagógica? Ela está bem estruturada?


 
 
 
 
 
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FONTE: http://casoteca.enap.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=5

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